Antes do voltímetro: Quando a eletricidade era detectada com sapos

Hoje em dia, basta conectar dois fios a um multímetro e pronto: sabemos se há eletricidade em um circuito. Mas e antes da invenção desses instrumentos modernos? Como os cientistas do século XIX sabiam que uma corrente elétrica estava ali, fluindo misteriosamente? A resposta é, no mínimo, curiosa — e um tanto macabra: eles usavam sapos.

Sim, sapos.

Na Royal Institution de Londres, por volta de 1820, dois grandes nomes da ciência — Michael Faraday e Humphry Davy — faziam experimentos para entender os segredos da eletricidade. E, para isso, mantinham um verdadeiro “estoque de sapos” num local que ficou conhecido como froggery.

O processo era mais ou menos assim: um sapo era sacrificado e, com a ajuda de placas de metal e fios, seus músculos recebiam uma descarga elétrica. Se as pernas do sapo morto se contraíssem, isso significava que havia corrente elétrica no circuito. Essa prática se baseava nos experimentos de Luigi Galvani, que havia descoberto que músculos podem reagir a impulsos elétricos — um passo importante para a eletrofisiologia e também para a física.

Durante anos, os sapos foram os primeiros “voltímetros biológicos”. Mas, felizmente para os anfíbios, essa fase da ciência chegou ao fim em 1833, quando Faraday desenvolveu um dispositivo mais sofisticado: o voltâmetro, capaz de medir a carga elétrica de forma precisa e sem a necessidade de sacrificar nenhum ser vivo.

Dizem que hoje, na Royal Institution, resta apenas um velho painel de madeira onde era o antigo froggery. Mas, em tom bem-humorado, alguns brincam que os fantasmas dos sapos ainda rondam o lugar — talvez em busca de justiça elétrica.

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Legenda do vídeo escrita por Luís Roberto Brudna Holzle – Professor Doutor na Universidade Federal do Pampa ( luisholzle@unipampa.edu.br ). Texto revisado com ajuda de IA.

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