
Muitos medicamentos comuns de venda livre contêm ingredientes farmacêuticos ativos (IFAs) que podem ser isolados através de processos químicos relativamente simples. Um vídeo publicado no canal NileRed explora a extração de um desses compostos bem conhecidos: o ácido acetilsalicílico (AAS), o ingrediente ativo nos comprimidos de Aspirina.
Este procedimento não é meramente um exercício acadêmico em purificação; ele serve como o primeiro passo crucial em um ambicioso projeto de síntese multi-etapas visando converter aspirina em outro analgésico comum, Tylenol (paracetamol). Esta via de conversão é quimicamente viável porque tanto a aspirina quanto o Tylenol compartilham o fenol como um precursor estrutural comum. A rota de síntese planejada envolve:
- Extração de AAS dos comprimidos de aspirina (este processo).
- Hidrólise de AAS para ácido salicílico.
- Descarboxilação de ácido salicílico para fenol.
- Nitração de fenol para produzir p-nitrofenol (juntamente com o-nitrofenol).
- Redução de p-nitrofenol para p-aminofenol.
- Acetilação de p-aminofenol para produzir Tylenol.
O processo inteiro, esperado para abranger seis etapas distintas, destaca técnicas fundamentais de química orgânica.
O Procedimento de Extração
A extração detalhada aqui começa com comprimidos de aspirina de 500mg disponíveis comercialmente.
- Preparação: Os comprimidos são primeiro completamente triturados até formar um pó fino para maximizar a área de superfície.
- Dissolução: A aspirina em pó é transferida para um béquer, e acetona é adicionada como solvente. O ácido acetilsalicílico é solúvel em acetona, enquanto muitos dos aglutinantes e excipientes usados nos comprimidos não são. A mistura é aquecida até o ponto de ebulição da acetona com agitação para dissolver o máximo possível de AAS.
- Filtração a Quente: Para separar a solução de AAS dissolvido dos excipientes insolúveis, realiza-se uma filtração a quente.
- Remoção da Acetona e Recuperação do AAS: O filtrado de acetona, agora contendo o AAS dissolvido (e algumas impurezas solúveis como o corante), é coletado. Embora a evaporação simples seja uma opção, a destilação foi escolhida aqui para recuperar o solvente acetona. À medida que a acetona é destilada, a concentração de AAS aumenta, eventualmente excedendo seu limite de solubilidade, fazendo-o cristalizar como um sólido branco (ou levemente tingido).
- Recristalização (Purificação): O AAS bruto obtido ainda contém impurezas, notavelmente o corante da marca específica de comprimidos utilizada. Para purificar o AAS, emprega-se a recristalização em água.
- Cristalização Final e Coleta: A solução quente, límpida e filtrada é deixada esfriar lentamente até a temperatura ambiente, então potencialmente resfriada ainda mais (por exemplo, em um banho de gelo) para maximizar a formação de cristais. À medida que a solução esfria, a solubilidade do AAS cai drasticamente, e cristais puros se formam, deixando a maioria das impurezas solúveis restantes para trás na água. Os cristais purificados de AAS são coletados por filtração a vácuo, lavados com uma pequena quantidade de água destilada fria (para enxaguar impurezas residuais sem dissolver produto significativo) e deixados para secar.
Resultados e Observações
Esta extração rendeu 94 gramas de ácido acetilsalicílico, representando uma recuperação impressionante de 94% a partir dos 100 gramas iniciais presentes nos comprimidos. Apesar da recristalização, o produto final manteve uma leve tonalidade rosa devido ao corante vermelho persistente dos comprimidos.
Próximos Passos
O ácido acetilsalicílico extraído e purificado com sucesso está agora pronto para a próxima etapa da síntese: hidrólise para ácido salicílico, que será detalhada em uma parte subsequente desta série de vídeos.
Assista ao Processo e veja todos os detalhes técnicos no vídeo.
(vídeo com legenda em português. Ative a legenda pelo YouTube)
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