Autor: Luís Roberto Brudna Holzle

O que é e como funciona o Clevenger

Se você é um químico, provavelmente já ouviu falar do aparelho Clevenger. Esta ferramenta simples e versátil pode tornar suas experiências químicas muito mais práticas e eficientes.

Mas o que exatamente é o aparelho Clevenger? Basicamente, ele é uma versão adaptada, em modo duplo, do conhecido aparelho Dean-Stark, que é amplamente utilizado para remover líquidos de misturas por meio da separação de fases. Em outras palavras, ele separa líquidos de diferentes densidades de uma maneira fácil e organizada.

Um dos maiores diferenciais do aparelho Clevenger é que ele pode funcionar em dois modos: o modo de retorno leve e o modo de retorno pesado. No modo de retorno leve, a fase mais leve da mistura retorna automaticamente ao frasco de ebulição, enquanto a fase mais pesada fica armazenada para ser drenada posteriormente. Já no modo de retorno pesado, acontece o inverso: é a fase pesada que retorna ao frasco. Este segundo modo exige um pouco mais de intervenção manual, já que você precisará drenar a fase leve e trocar os recipientes conforme necessário.

Outra grande vantagem mencionada é a praticidade do Clevenger em comparação às improvisações feitas no laboratório. Ao invés de adaptar peças ou improvisar soluções, usar um aparelho projetado especificamente para essa função torna tudo mais simples, rápido e seguro.

Por fim, vale destacar que alguns aparelhos Clevenger são desenvolvidos exclusivamente para o modo de retorno pesado, o que pode ser especialmente útil em aplicações específicas, como a extração de óleos essenciais. Se este é o seu caso, talvez essa seja exatamente a ferramenta que estava faltando no seu laboratório!

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Texto e legenda escritos por Luís Roberto Brudna Holzle – Professor Doutor na Universidade Federal do Pampa ( luisholzle@unipampa.edu.br )

Como Produzir Dimetil Dioxano a Partir de Propilenoglicol

Neste vídeo, o NurdRage mostra um procedimento interessante: como produzir dimetil dioxano a partir de propilenoglicol, uma substância que pode ser encontrada em anticongelantes automotivos vendidos no mercado.

O primeiro passo é obter o propilenoglicol puro, já que o anticongelante comercial possui diversos aditivos que podem prejudicar a síntese. Para isso, realiza-se uma destilação que separa e purifica o propilenoglicol.

Com o propilenoglicol já purificado, inicia-se a reação de condensação, catalisada por ácido sulfúrico. Nessa reação, duas moléculas de propilenoglicol se unem, formando dimetil dioxano e água como subproduto. O resultado é bastante visual: o dimetil dioxano formado não se mistura com água, criando duas camadas facilmente identificáveis.

Em seguida, o vídeo demonstra uma etapa adicional importante: a destruição de impurezas residuais com o uso de uma base forte, como o hidróxido de potássio. O produto final, agora purificado, é coletado por destilação numa faixa de temperatura entre 117 e 120 graus Celsius.

O dimetil dioxano produzido tem aplicações úteis, especialmente como solvente em extrações líquido-líquido, semelhante ao éter dietílico, mas com a vantagem de ter um ponto de ebulição mais elevado. Porém, vale lembrar que ele é sensível à hidrólise quando em contato com ácidos, especialmente em temperaturas mais altas.

Finalmente, o NurdRage deixa uma recomendação importante sobre o armazenamento: o dimetil dioxano deve ser guardado sobre sódio metálico, pois isso evita a formação de perigosos peróxidos, garantindo assim segurança e estabilidade durante o armazenamento.

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Texto e legenda escritos por Luís Roberto Brudna Holzle – Professor Doutor na Universidade Federal do Pampa ( luisholzle@unipampa.edu.br )

Aerogel – do isolamento térmico ao espaço sideral

Você já ouviu falar do aerogel, a famosa “fumaça congelada”? Esse material impressiona por ser um dos sólido mais leve do mundo! O canal Thoisoi2 explicou recentemente o que torna o aerogel tão fascinante e suas surpreendentes aplicações.

Mas o que exatamente é aerogel? Na verdade, não é um único material, mas uma categoria de materiais ultraleves. O Thoisoi2 destacou principalmente o aerogel de sílica (feito de dióxido de silício), mas há versões feitas com óxidos metálicos e carbono, incluindo nanotubos e grafeno.

O aerogel de sílica é translúcido e tem um tom azulado devido ao espalhamento Rayleigh, o mesmo que deixa o céu azul. Formado por mais de 99% de ar, é incrivelmente leve e extremamente frágil—tão frágil que facilmente se desfaz em pó ao toque.

Sua estrutura única é resultado da substituição do líquido de um gel por ar, deixando uma rede sólida altamente porosa. Isso gera propriedades especiais, incluindo um som peculiar ao cair em superfície dura.

O destaque principal é sua excepcional capacidade isolante. Uma flor foi colocada sobre um pedaço de aerogel com um intenso maçarico aplicado diretamente abaixo—e a flor ficou quase intacta, mostrando seu excelente isolamento térmico.

Apesar dessas vantagens, o aerogel clássico é frágil e absorve água facilmente, perdendo suas propriedades especiais. Contudo, já existem aerogéis hidrofóbicos e flexíveis que resolvem esses problemas.

Hoje, aerogel é usado em isolamento térmico em construções, roupas especiais, captura de poeira cósmica pela NASA e até em carros esportivos como o Corvette C7. Com avanços contínuos, novas aplicações ainda estão por surgir.

Veja o vídeo com legenda em português. Ative a legenda pelo YouTube.

Texto e legenda escritos por Luís Roberto Brudna Holzle – Professor Doutor na Universidade Federal do Pampa ( luisholzle@unipampa.edu.br )

Quando Água Encontra Ácidos e Bases: Um Show de Calor

Você já parou para pensar no quanto experimentos aparentemente simples podem revelar informações surpreendentes sobre a química? Hoje vamos falar sobre dois experimentos muito interessantes, ambos usando algo bastante especial: uma câmera termográfica, destacando visualmente as reações exotérmicas que acontecem quando ácidos e bases são misturados à água, gerando calor perceptível pelas cores reveladas na câmera termográfica!

No primeiro experimento, ácido sulfúrico é cuidadosamente despejado em um recipiente com água. O ácido é mais denso que a água, por isso ele afunda imediatamente. O encontro das moléculas do ácido com as moléculas de água libera bastante calor, o que é claramente observado pela câmera termográfica. Porém, algo curioso acontece: apesar de ficar muito quente, a camada ácida permanece no fundo do recipiente, justamente por ser mais densa. É necessário agitar a mistura para distribuir o calor uniformemente e tornar o experimento mais consistente e reprodutível.

O segundo experimento também mostra algo semelhante, mas dessa vez usando pellets sólidos de hidróxido de sódio. Quando colocados na água, eles também afundam e começam a se dissolver. Esse processo gera calor significativo porque a energia liberada na interação das moléculas de água com os íons é maior do que a energia consumida para separá-los. Novamente, a câmera termográfica captura claramente o calor intenso concentrado na parte inferior do recipiente. A agitação ajuda, mas os pellets continuam liberando calor conforme se dissolvem.

Esses dois experimentos simples destacam um ponto importante: tanto substâncias ácidas quanto alcalinas, ao serem dissolvidas na água, geram calor considerável e formam soluções densas. Apesar das pequenas diferenças nas interações causadas pelo tamanho dos íons, o mecanismo geral é muito parecido.

Texto e legenda escritos por Luís Roberto Brudna Holzle – Professor Doutor na Universidade Federal do Pampa ( luisholzle@unipampa.edu.br )

Carbono em destaque: o fascinante antracito

No vídeo especial do canal Periodic Videos sobre o sexto dia de Natal (de 2015), o tema central foi o antracito, uma variedade especial de carvão quase puro, feita essencialmente de carbono.

O Professor Sir Martyn Poliakoff mostra uma bela amostra de antracito, enviada por um fã do YouTube, destacando sua aparência quase metálica, brilhante e leve, algo que talvez não esperássemos encontrar num pedaço de carvão.

Em seguida, ele mostra as cinzas que restam depois da queima do antracito. Curiosamente, essas cinzas são formadas por minerais naturalmente incorporados ao carvão. Outro detalhe interessante é como o antracito queima: sua chama é praticamente invisível, quase incolor e muito limpa, sem produzir a fumaça escura típica de outros tipos de carvão.

Este vídeo faz parte de uma série especial do canal chamada “Os 12 dias de Natal”, sendo que neste sexto dia o destaque fica para o elemento carbono.

Além disso, o vídeo menciona rapidamente um dispositivo muito importante em qualquer laboratório: um regulador de pressão de gás, essencial para garantir a segurança durante a realização de experimentos.

O vídeo abaixo tem legendas em português. Ative a legenda pelo YouTube. .

Texto e legenda escritos por Luís Roberto Brudna Holzle – Professor Doutor na Universidade Federal do Pampa ( luisholzle@unipampa.edu.br )

Vídeo sobre o ácido tartárico

Ainda estamos bem longe do Natal, mas em dezembro de 2015 foi lançado um vídeo especial no YouTube, no canal Periodic Videos, trazendo uma seleção curiosa: presentes com temas químicos enviados por telespectadores e coletados durante viagens ao redor do mundo.

O primeiro destaque da série é um depósito sólido retirado de um barril de vinho em uma vinícola suíça. Esse local, por sinal, pertence ao presidente da Academia Suíça de Ciências — um detalhe que torna o presente ainda mais interessante. O material foi solicitado pelo próprio apresentador e, segundo informado, trata-se de ácido tartárico, embora também possa ser um tartarato.

Mas por que isso importa para a química?

O ácido tartárico é uma molécula fascinante. Foi uma das primeiras a demonstrar a existência de formas quirais — as versões “canhota” e “destra” de uma substância, um conceito fundamental em química orgânica e bioquímica. Além disso, uma pequena quantidade desse ácido permanece no vinho, contribuindo com seu sabor característico.

E a celebração não termina por aí: o apresentador promete revelar outros presentes químicos ao longo dos 12 dias de Natal. Uma ótima oportunidade para quem ama ciência e quer conhecer curiosidades envolvendo elementos, compostos e histórias surpreendentes da química no nosso dia a dia.

Veja abaixo o vídeo sobre o Ácido Tartárico. Com legenda em português – ative a legenda pelo YouTube.

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Texto e legenda escritos por Luís Roberto Brudna Holzle – Professor Doutor na Universidade Federal do Pampa ( luisholzle@unipampa.edu.br )