Categoria: Orgânica

Acetato de cálcio a partir de antiácido


O canal NileRed fez uma síntese de acetato de cálcio partindo de pílulas do medicamento TUMS. O TUMS é vendido nos Estados Unidos e tem em sua composição carbonato de cálcio (CaCO3) e sacarose (açúcar – C12H22O11).

O foco é usar apenas o carbonato de cálcio presente nas pílulas, mas para isso é necessário remover boa parte do açúcar. Para isto o NileRed optou por queimar o material orgânico com intenso aquecimento das pílulas moídas em uma panela – com eventual uso de um maçarico.

Os reagentes utilizados foram 160 comprimidos de TUMS (160 gramas) e 1,8 litro de vinagre 10%. Lembrando que o vinagre comercial brasileiro tem entre 4% e 6% de ácido acético.

A reação do carbonato de cálcio com o ácido acético (do vinagre) produz acetato de cálcio, CO2 e água. O CO2 produzido sai na forma de gás e o acetato de cálcio, por ser bastante solúvel em água, permanece dissolvido. O acetato de cálcio foi recuperado pela evaporação de toda a água; pela fervura e então pela secagem ao ar.

O resultado obtido foram 184 gramas de um pó branco, indicando um rendimento de 78%.

Veja os detalhes do procedimento no vídeo abaixo.

Vídeo com legendas em português. Clique no botão CC.

O TUMS não é vendido no Brasil e uma possível alternativa (não testada) é o medicamento conhecido como ‘Magnésia Bisurada’; que contém uma grande proporção de carbonato de cálcio em sua composição, mas também carbonato de bismuto, bicarbonato de sódio, carbonato de magnésio, amido de milho,… que podem atrapalhar na pureza do acetato de cálcio desejado.

Texto e legenda escritos por Dr. Luís Roberto Brudna Holzle.

Atenção! Não faça uso medicamentoso das substâncias eventualmente obtidas neste processo.

Leia também:
Carbonato de cálcio – o gás carbônico capturado

Como fazer benzeno


Claro que é muito mais fácil comprar o benzeno pronto (e puro) de uma loja de produtos químicos. Mas no vídeo abaixo o canal NileRed ensina como fazer benzeno partindo de benzoato de sódio.

A ideia fundamental do procedimento é utilizar o benzoato de sódio em um meio básico e calor para remover o grupo COONa.

Ele partiu de 100 gramas de benzoato de sódio e obteve cerca de 43 mL de benzeno puro, o que significa um rendimento de 70%. Os detalhes do procedimento podem ser vistos no vídeo.

Vídeo com legendas em português. Ative a legenda usando o botão CC que aparece no vídeo.


Veja também:
Benzeno, anel aromático (Periodic Videos)

Texto e legenda escritos por Luís Roberto Brudna Holzle – Professor Doutor na Universidade Federal do Pampa ( luisholzle@unipampa.edu.br )

Limpeza de fenol contaminado

sistema de destilação do fenol
Fenol estocado por um longo período pode aos poucos resultar em oxidação ou polimerização. Essas reações indesejadas normalmente deixam o material com uma cor marrom ou preta; quando na verdade deveria ser de cristais claros.

O vídeo abaixo, do canal NileRed, mostra como melhorar a qualidade do fenol por meio de uma destilação à vácuo. Dando atenção ao fato de que fenol e água formam um azeótropo e que o resultado não será um fenol destilado completamente seco. Além disso o NileRed alerta para o fato de ter usado um caminho curto na destilação para evitar uma cristalização do fenol no trajeto antes do frasco coletor.

Vídeo com legendas em português. Ative a legenda usando o botão CC que aparece no vídeo.


Após a destilação o NileRed também faz uma discussão sobre mecanismos de reação propostos para um outro vídeo.

Texto e legenda escritos por Luís Roberto Brudna Holzle – Professor Doutor na Universidade Federal do Pampa ( luisholzle@unipampa.edu.br )

Moléculas essenciais para a vida em meteoritos

fragmentos do meteorito
Fragmentos do meteorito Sutter’s Mill

Análises de fragmentos do meteorito batizado de ‘Sutter’s Mill‘, que iluminou o céu da Califórnia (EUA) no dia 24 de abril de 2012, foram realizadas e nestas os pesquisadores descobriram que moléculas orgânicas essenciais para a vida estavam presentes no material deste meteorito.
Meteoritos são fragmentos de planetas, poeira cósmica, asteroides… variam de tamanho e conseguem resistir à entrada na atmosfera terrestre, atingindo o solo. Alguns tipos de meteoritos, classificados como condritos carbonáceos, compostos orgânicos, inclusive do mesmo tipo de substâncias encontradas na Terra.
As hipóteses feitas até hoje sustentam normalmente que a origem da vida é baseada em evidências de que ela teria surgido em uma espécie de uma sopa “prebiótica” (que conteria elementos e compostos como: carbono (C), hidrogênio (H), potássio (K), amônia (NH3), nitrogênio (N2), magnésio (Mg) e água (H20)), sendo uma parte desses talvez trazidos por meteoritos.
Para Sandra Pizzarello, bioquímica e chefe de estudos da Universidade Federal do Arizona, em Tempe, comenta que “A sua composição sempre foi vista como uma indicação de que os precursores da evolução que levou às origens da vida poderiam ter vindo de material extraterrestre carregado em meteoritos”.
Pizzarello e seus colegas analisaram dois fragmentos do meteorito Sutter’s Mill, dissolvendo-os com solvente, e viram que aparentemente possuía poucos compostos orgânicos dissolvíveis comparando-o com outros meteoritos similares.

Alguns dos compostos encontrados no meteorito
estruturas moleculares de substâncias em meteorito

“Voce poderia dizer que isso foi uma decepção”, disse Pizzarello.
Contudo, os pesquisadores dissolveram fragmentos do meteorito em outras condições que imitam as fontes hidrotermais da Terra, que era o ambiente primórdio da Terra, o qual poderia ter surgido a vida. Através destes aspectos, foi visto que nessas condições um tanto diferentes os fragmentos liberaram moléculas orgânicas que não haviam sido detectadas em meteoritos similares. O estudo comprovou que há muito mais material orgânico disponível nos meteoritos do que os cientistas pensavam.
“o que pode ser bom para um propósito, porque eles podem atuar como cápsulas rudimentares que conteriam compostos úteis na evolução prebiótica,” comentou Pizzarello.

Artigo original sobre o meteorito:
Processing of meteoritic organic materials as a possible analog of early molecular evolution in planetary environments
Sandra Pizzarello, 15614–15619, doi: 10.1073/pnas.1309113110

Texto escrito por Bruna Lauermann.

Fedor da França… ou apenas mercaptanas

Martyn com jaleco vermelho explicando
Sir. Martyn Poliakoff conta que um pequeno vazamento ocorrido em uma unidade produtora de mercaptanas, em uma cidade francesa, causou pânico em moradores nas redondezas.
As mercaptanas, ou tióis (-SH) como os químicos preferem, são adicionadas ao gás de cozinha para dar cheiro forte ao produto. O gás de cozinha é naturalmente inodoro e vazamentos não seriam prontamente percebidos se não fossem adicionadas essas mercaptanas fedidas.
O ingleses, vizinhos da França, também sentiram o cheiro forte e os jornais britânicos aproveitaram para tirar um pouco de sarro ao comentar sobre o ‘fedor francês’.
O produto tem um cheiro tão forte que o Professor preferiu não abrir o pequeno frasco contendo 2-metil-propanotiol. Não faria diferença pois não conseguiríamos ter ideia do fedor pelo vídeo. 🙂
O exato motivo pelo qual os tióis tem esse cheiro tão forte ainda não é bem entendido. E Martyn comenta no vídeo sobre algumas das diferentes teorias existentes para este fato.

O vídeo possui legendas em português. Ative usando o botão CC que aparece ao iniciar o vídeo.


E ainda mais fedorento que os compostos contendo grupos -SH (tióis) temos as substâncias que contém telúrio em sua composição. Veja mais sobre isso no texto ‘Bafo de telúrio’.

Texto escrito por Prof. Dr. Luís Roberto Brudna Holzle.

Neve falsa

Professor segurando uma corrente metálica
O polímero poliacrilato de sódio absorve água muito facilmente e o Professor Martyn Poliakoff utiliza um pouco desse material em pó para brincar de fazer algo que ele chamou de ‘neve falsa’.

No vídeo abaixo é visível que a absorção da água ocorre de forma muito rápida e com uma liberação de um pouco de calor, segundo o Professor Martyn. Seguida da explicação do motivo pelo qual o polímero consegue absorver tanta água tão rapidamente.
Com legendas em português. Ative as legendas usando o botão CC que aparece no vídeo.


Já fiz alguns testes com essas fraldas super absorventes. Não fiz de uma forma controlada e precisa (peço desculpas ao pessoal da química analítica 😉 ), mas posso dizer que uma dessas fraldas pequenas consegue absorver em torno de 900 ml de água. Claro que não seria nada confortável ter em contato com a pele uma fralda assim encharcada. Se você abrir uma fralda não encontrará o polímero poliacrilato de sódio puro, mas uma mistura dele com algodão.

No link abaixo veja um artigo que dá uma dica de um experimento com esse tipo de material
Polímeros superabsorventes e as fraldas descartáveis: Um material alternativo para o ensino de polímeros

Texto escrito por Prof. Dr. Luís Roberto Brudna Holzle.